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Mesmo com tarifa dos EUA, exportação de carne brasileira bate recorde histórico em setembro

O Brasil alcançou em setembro de 2025 o maior volume de exportação de carne bovina da história, desafiando o impacto da forte tarifa imposta pelos Estados Unidos no mês anterior. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram embarcadas 314,7 mil toneladas do produto, superando com folga o recorde anterior de 276,9 mil toneladas, obtido em julho.

A conquista ocorre em um cenário de tensões comerciais e reorganização de mercados globais, marcando um momento de resiliência do agronegócio brasileiro. A nova tarifa de 76,4% — formada por um imposto adicional de 50% somado aos 26,4% já cobrados — havia provocado uma queda imediata nas exportações em agosto, que recuaram para 268,6 mil toneladas. No entanto, em apenas um mês, o setor conseguiu reagir e transformar o desafio em uma oportunidade estratégica.

Reação rápida e reposicionamento global

O salto nas exportações reflete uma mudança de rota nas operações comerciais brasileiras. Com o encarecimento da carne bovina no mercado americano, os exportadores direcionaram seus embarques para novos destinos, ampliando a presença no México, China, Oriente Médio e Sudeste Asiático.

O México, em especial, ganhou destaque como novo polo comprador, após flexibilizar exigências sanitárias e firmar novos acordos comerciais com o Brasil. A China, que já é o principal destino da carne bovina nacional, absorveu mais de metade do volume exportado, impulsionando os números recordes de setembro.

“O agronegócio brasileiro demonstrou uma capacidade extraordinária de adaptação. Mesmo com uma tarifa que tornaria inviável a competitividade de muitos países, o Brasil manteve margens positivas graças à escala produtiva e ao câmbio favorável”, avalia um analista do setor de comércio exterior.

Competitividade e desafios

Além do desempenho quantitativo, o resultado de setembro evidencia a eficiência da cadeia produtiva brasileira, que alia tecnologia, custo competitivo e capacidade logística. O setor também vem se beneficiando do aumento da demanda global por proteína animal, especialmente em países emergentes que enfrentam restrições de oferta doméstica.

Apesar dos bons números, o tarifaço americano continua sendo motivo de preocupação entre produtores e exportadores. O receio é que as barreiras comerciais se ampliem, acompanhando o movimento de protecionismo crescente em diversos mercados.

“O Brasil está consolidado como principal fornecedor de carne bovina do mundo, mas precisa atuar diplomaticamente para garantir previsibilidade. Cada tarifa imposta tem reflexos diretos no preço pago ao produtor e no custo da cadeia”, pontua um consultor de comércio internacional.

Força do agronegócio e projeções

Com o recorde de setembro, o Brasil reforça sua posição de líder global nas exportações de carne bovina, sustentado por uma produção que alia escala, qualidade sanitária e preços competitivos. O setor deve encerrar 2025 com crescimento próximo de 12% nas vendas externas, segundo estimativas preliminares da Secex.

Enquanto isso, o governo brasileiro articula novas estratégias diplomáticas e comerciais para reduzir barreiras e abrir mercados alternativos, consolidando o país como potência alimentar em um mundo que enfrenta instabilidade geopolítica e alta nos custos de produção.

“Mesmo com obstáculos, o Brasil provou que tem fôlego para crescer. A carne bovina é um dos símbolos da nossa força no comércio internacional — e o recorde de setembro é a prova disso”, conclui o relatório da Secex.

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