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Remake de Vale Tudo faz Globo bater recorde e reacende debate: por que os brasileiros agora torcem pela vilã Odete Roitman?

O momento mais aguardado do remake de Vale Tudo foi ao ar nesta segunda-feira (6), e a comoção foi imediata. O assassinato de Odete Roitman (Debora Bloch), cena icônica que marcou gerações desde 1988, voltou a paralisar o país — e levou a Globo a registrar recorde histórico de audiência.

Mais de 35 anos depois, o crime que se tornou um marco da teledramaturgia brasileira reaparece repaginado, com estética moderna, ritmo cinematográfico e uma nova camada de complexidade para a personagem. A nova Odete, interpretada por Debora Bloch, não é apenas a empresária arrogante e elitista da versão original: ela é uma mulher ambiciosa, mas também vulnerável, contraditória e, em certos momentos, até cativante.

O público, que em 1988 vibrou com sua morte, agora reage de modo oposto. Nas redes sociais, os brasileiros lamentaram o destino da vilã e transformaram Odete em uma espécie de ícone cult — alguém que, mesmo com falhas morais, simboliza força, inteligência e autenticidade.

“Hoje, o público parece torcer menos pelos heróis e mais por quem enfrenta o sistema, ainda que de forma questionável. Odete Roitman virou o espelho de um Brasil que admira a esperteza e a coragem de quem sobrevive no caos”, analisa a socióloga e especialista em mídia cultural, Marina Corrêa.

Essa mudança de percepção reflete uma transformação social mais ampla. A audiência de 2025 vive num país em que as fronteiras entre “bem” e “mal” se tornaram difusas, e o olhar sobre as narrativas é mais psicológico do que moral. Personagens complexas — como Carminha (Avenida Brasil), Bia Falcão (Belíssima) e agora Odete Roitman — ganham simpatia porque representam mulheres que não se conformam, que desafiam estruturas e que jogam com as mesmas armas do poder.

A nova versão de Vale Tudo também se beneficia do contraste entre nostalgia e atualidade. Enquanto revisita o clássico que perguntava “Vale a pena ser honesto no Brasil?”, o remake lança uma provocação contemporânea: quem é realmente o vilão quando todos lutam para sobreviver?

A repercussão foi tamanha que “Odete Roitman” dominou as redes sociais durante toda a noite, com milhares de comentários e comparações entre as versões. Para muitos, o episódio mostrou que, mesmo na era do streaming, a TV aberta ainda tem o poder de unir o país diante de uma boa história.

No entanto, o mistério persiste — e o fascínio também. Décadas depois, uma pergunta continua a ecoar, agora com novo significado para uma geração que vê a vilania sob outra luz:

Quem matou Odete Roitman — e por que, afinal, ainda torcemos por ela?

Uma leitura além da novela

A empatia crescente do público por personagens como Odete Roitman revela mais do que uma mudança de gosto: reflete uma crise ética e social. Num país onde a honestidade parece punida e a esperteza é celebrada, o público se identifica com quem rompe regras, enfrenta o sistema e sobrevive apesar dele. A vilã de ontem se tornou a heroína possível de hoje — símbolo de um Brasil que, cansado de injustiças e promessas vazias, prefere torcer por quem joga o jogo com as mesmas armas do poder.

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