Por Claudia Antunes
O número de denúncias de violência doméstica vem crescendo em todo o país, segundo dados recentes do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O aumento revela tanto a dimensão do problema quanto a importância das políticas públicas e campanhas de conscientização que encorajam mulheres a romper o silêncio e buscar ajuda. Ainda assim, o medo, a dependência emocional e financeira, e o estigma social continuam a impedir muitas vítimas de denunciar, ampliando o risco para si e para suas famílias.
O impacto do silêncio
A violência doméstica não se restringe a agressões físicas. Ela pode assumir formas psicológicas, patrimoniais, sexuais e morais. Em muitos casos, a vítima sofre humilhações, ameaças, controle e isolamento antes mesmo da primeira agressão física. O silêncio, nesse contexto, funciona como um escudo de medo mas também como uma armadilha.
Ao se calar, a mulher acaba presa em um ciclo de violência que tende a se repetir e se intensificar. Especialistas afirmam que, quanto mais tempo a denúncia é adiada, maior o risco de a agressão evoluir para situações extremas, como tentativa de feminicídio. Romper o silêncio é, portanto, um ato de sobrevivência.
Denunciar é o início da libertação
Denunciar a violência doméstica é o primeiro passo para interromper o ciclo abusivo e garantir proteção à vítima e aos filhos. Os canais de atendimento, como o 180, funcionam 24 horas por dia, de forma gratuita e confidencial. Em situações de emergência, o 190 deve ser acionado imediatamente.
Além da denúncia, existem Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), centros de referência, casas, abrigos e serviços de Defensoria Pública, que oferecem orientação jurídica e apoio psicológico. A atuação integrada desses órgãos tem sido fundamental para acolher vítimas e garantir medidas protetivas com rapidez.
Compreender o ciclo da violência é essencial
A violência doméstica costuma seguir um padrão repetitivo, conhecido como ciclo da violência, que se divide em três etapas:
1. Tensão: começam os insultos, ameaças e controle;
2. Explosão: ocorre a agressão física, psicológica ou sexual;
3. Reconciliação: o agressor demonstra arrependimento e promete mudar.
Esse ciclo, que se repete diversas vezes, faz com que a vítima sinta culpa e esperança, acreditando que o agressor vai se transformar. No entanto, sem intervenção, as agressões tendem a se tornar mais graves e frequentes.
O papel da sociedade e das políticas públicas
A luta contra a violência doméstica não é apenas responsabilidade das vítimas. Envolve toda a sociedade. Familiares, vizinhos e colegas de trabalho devem estar atentos a sinais de sofrimento e denunciar suspeitas de agressão. O anonimato é garantido e pode salvar vidas.
Campanhas educativas, ações nas escolas e nas comunidades e o fortalecimento da Lei Maria da Penha têm sido fundamentais para mudar mentalidades e reforçar a mensagem de que violência não é normal, não é amor é crime.
Educação e empatia: a base da mudança
Combater a violência doméstica exige também um trabalho de base. É preciso educar meninos e meninas sobre respeito, empatia e igualdade. A desconstrução de padrões machistas e o incentivo a relacionamentos saudáveis são pilares para uma sociedade mais justa e segura.
Romper o silêncio é um ato de coragem
Cada denúncia representa uma chance de recomeço. Romper o silêncio não é fácil, mas é um gesto que pode salvar a própria vida e inspirar outras mulheres a fazer o mesmo. Denunciar é transformar medo em força, dor em liberdade e silêncio em voz.
A mensagem é clara e urgente: não se cale. A violência doméstica é crime, e toda mulher merece viver sem medo. Quebrar o silêncio é o primeiro passo para mudar uma realidade que só será superada quando todas as vozes forem ouvidas.
Violência doméstica não é problema particular é crime. Denuncie antes que o silêncio se torne irreversível.









