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30ª Parada do Orgulho LGBTI+ Rio: Três Décadas de Luta, Visibilidade e Conquista nas Ruas de Copacabana

Eu vou! Eu existo! Eu resisto

Neste domingo, 23 de novembro, a orla de Copacabana recebe a 30ª Parada do Orgulho LGBTI+ Rio, um dos maiores e mais tradicionais eventos de diversidade e direitos humanos do Brasil. Mais do que uma festa, a Parada carrega um significado histórico profundo: três décadas de resistência, celebração, reivindicação e defesa da vida LGBTI+.

Criada nos anos 1990 pelo Grupo Arco-Íris, a Parada se tornou um marco da cidade e um símbolo nacional de mobilização social. A cada edição, milhões de pessoas ocupam as ruas para afirmar algo simples, mas poderoso: todas as existências importam

🌈 Por que a Parada existe?

A Parada do Orgulho LGBTI+ nasceu para:

  • Dar visibilidade às identidades e orientações sexuais marginalizadas.
  • Combater a violência, a discriminação e a LGBTfobia ainda presentes no país
  • Reivindicar políticas públicas, direitos civis e proteção social
  • Celebrar conquistas e promover cultura, arte e resistência
  • Criar um espaço seguro para que todas as pessoas possam ser quem são

Desde sua primeira edição, a Parada evoluiu de um ato tímido para uma das maiores manifestações populares do Brasil, reunindo famílias, artistas, ativistas, autoridades e apoiadores da democracia e da igualdade.

🎉 30 anos: um marco histórico

A edição deste ano celebra três décadas de história, simbolizadas no logotipo colorido que marca a arte oficial do evento. O tema reforça a continuidade de uma luta que atravessa gerações e se adapta aos novos desafios.

A Parada dos 30 anos é um convite para olhar para trás, celebrar avanços importantes — como o casamento igualitário, a criminalização da LGBTfobia e políticas públicas de inclusão — e também reforçar que ainda há muito a conquistar.

📍 Onde e quando

Local: Orla de Copacabana
Data: 23 de novembro
Horário: a partir das 11h

O evento conta com apoio da Prefeitura do Rio, da Coordenadoria da Diversidade Sexual e do Governo do Estado, reforçando o compromisso institucional com a defesa dos direitos humanos e o combate à discriminação.

🌟 Um ato político que também é celebração

Além dos trios elétricos, shows e performances, a Parada é um grande movimento de afirmação do amor, da diversidade e da liberdade. É um dia em que a cidade inteira se pinta de arco-íris para lembrar que existir é um ato político e resistir é uma necessidade.

💬 O significado maior

A Parada é sobre ocupar o espaço público, mostrar presença, exigir respeito e transformar vidas. É sobre garantir que todas as pessoas — jovens, adultos, idosos, corpos diversos, expressões diversas — possam caminhar por Copacabana com segurança e orgulho.

É, acima de tudo, um grito coletivo:
“Eu vou! Eu existo! Eu resisto!

A importância religiosa na Parada

A participação dessas lideranças religiosas nesse ato público tem um significado profundo: não se trata apenas de presença simbólica, mas de um posicionamento claro e engajado na luta pelos direitos civis da população LGBTI+. Esses grupos reafirmam que a fé e a espiritualidade são compatíveis com a diversidade de gênero e de orientação sexual, e que a religião pode, e deve, ser um espaço de acolhimento e respeito.

Nos últimos anos, temos visto o crescimento de discursos fundamentalistas que buscam impor dogmas retrógrados, muitas vezes usando a religião para legitimar a discriminação. Esse pano de fundo torna ainda mais urgente a mobilização de religiões pluralistas e progressistas que defendem a liberdade religiosa, os direitos humanos e a igualdade.

Para Reverendo Urso, ” A Igreja de Jesus é fundada no Pentecoste, a festa que se tornou sinônimo da Diversidade. Lá, pessoas de muitas nações falavam nas próprias línguas e entendiam, por milagre, as línguas dos outros. Pura obra do Espírito Santo! Sendo assim, não há como falar de Igreja sem Diversidade. Este deve ser um valor da igreja que é salva pela múltipla Graça de Deus!”

Avanços legais e marco institucional

A presença inter-religiosa na Parada dialoga com conquistas importantes na jurisprudência brasileira. Em 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 8 votos a 3, que a homofobia e a transfobia podem ser enquadradas como crime, equivalendo-as moralmente à discriminação racial, sob a Lei nº 7.716/1989 (Lei do Racismo).
Embora o STF tenha garantido o direito à liberdade religiosa, permitindo que congregações preguem suas convicções, a Corte deixou claro que discursos que induzam à discriminação, hostilidade ou violência contra pessoas por orientação sexual ou identidade de gênero são proibidos.
Essa decisão foi reconhecida como um importante marco de proteção legal para a comunidade LGBTI+, evitando que a religião seja usada como escudo para discursos de ódio.

Interseccionalidade: pluralidade, justiça e resistência

As tradições religiosas que estarão representadas na Parada compartilham uma visão integradora: para além da defesa dos direitos LGBTI+, elas também se posicionam contra outras formas de opressão, como racismo, machismo, intolerância e exclusão social. Muitas dessas religiões (como o Candomblé, a Umbanda e as espiritualidades indígenas) estão historicamente associadas a populações marginalizadas e racializadas, e sabem bem o quanto o preconceito religioso, racial e de gênero se cruzam.
Teresa Arapium, liderança indigena diz que ” a presença indígena na parada dá visibilidade a existência e resistência da comunidade indigena e ajuda a resgatar parte dessa história silenciada na cidade do Rio de Janeiro”.

A interseccionalid
ade fortalece a pauta da Parada: não é apenas uma luta por orientação sexual, mas uma luta por dignidade humana plena, por liberdade de existir, por justiça social e por um Estado que respeite todas as formas de fé e identidade.

Desafio e esperança

Mesmo com avanços legais, a comunidade LGBTI+ ainda enfrenta violência, discriminação e estigmas. A participação das religiões progressistas na Parada envia uma mensagem de renovação: fé e amor podem caminhar lado a lado com ativismo social. É um chamado à sociedade para que reconheça que a espiritualidade não precisa ser base para exclusão, mas pode ser força de transformação.
Para o Babalawo Ivanir dos Santos, liderança da Comissão de Combate à intolerância religiosa do RJ ” a Parada é uma celebração do Respeito a Diversidade, em todas as áreas, ou seja no gênero, na cultura e também no campo inter religioso . Por isso é de fundamental e importante a participação de todos os setores que sofrem discriminação na sociedade brasileira.”

Ao unir a bandeira da diversidade com a liberdade religiosa, essa 30ª Parada reafirma que os direitos LGBTI+ são direitos humanos fundamentais, que devem ser protegidos não apenas pela lei, mas pelo coração das comunidades de fé. Juntas, essas religiões reforçam que a tolerância religiosa, a igualdade de gênero, o enfrentamento ao racismo e a defesa das minorias são causas indissociáveis.

Rudimar Corrêa Filho
Filósofo e Psicanalista
Representante do Xamanismo (Centro Nowa Cumig de Tradições Nativas)
Tania Jandira R.Ferreira, Psicóloga Social e Clínica, Mãe Pequena da Aldeia do Caboclo Arari, representante do Coletivo Terreiro dos Povos e da Comissão de Combate à intolerância religiosa do RJ

com a presença ilustre de Pai Claudio D’oxossi
Coordenador do candomblé na passeata LGBT + Rio

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