A nova edição da Cúpula do Mercosul começou neste sábado com clima de cautela e expectativa entre os líderes sul-americanos. Representantes dos países-membros com destaque para o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o argentino Javier Milei se reúnem para avaliar os próximos passos do bloco em meio ao impasse com a União Europeia, após mais um adiamento na assinatura do acordo comercial.
O encontro, sediado no Paraná, vinha sendo aguardado como um possível marco para a consolidação do tratado com os europeus, que está em negociação há décadas. No entanto, divergências internas dentro da UE e resistências específicas de países europeus fizeram com que o acordo não fosse oficializado no prazo inicialmente desejado, gerando um ambiente de frustração entre os líderes do Mercosul.
Tom dos discursos pode ditar rumo do bloco
Um dos principais pontos de observação nesta cúpula é o tom que Lula e os demais chefes de Estado irão adotar diante da demora europeia. A expectativa é que a diplomacia brasileira tente equilibrar cobrança e paciência, enquanto busca preservar o diálogo com Bruxelas. Para Lula, que tratou o acordo como prioridade de sua política externa, o atraso representa um desafio político e econômico.
Já Javier Milei chega ao encontro sob atenção especial. Apesar de manter críticas históricas ao funcionamento do Mercosul, sua presença reforça a necessidade de articulação conjunta em um momento de pressão externa. Analistas observam que sua postura pode influenciar o teor da declaração final, especialmente no que diz respeito ao ritmo das negociações internacionais.
Além da Europa, bloco discute novos caminhos
Embora a União Europeia concentre holofotes, os governos também devem discutir alternativas de inserção internacional. Diversificar parcerias tem sido um tema recorrente nas conversas técnicas que antecederam a reunião dos presidentes.
Entre os assuntos previstos:
• abertura de novos diálogos comerciais com países de fora do eixo tradicional
• projetos de infraestrutura regional
• medidas de integração logística e energética
• fortalecimento da agenda comum dentro da América do Sul
Diplomatas avaliam que, mesmo sem a assinatura com a UE, a cúpula pode servir para reafirmar o compromisso dos membros com a continuidade das negociações e, ao mesmo tempo, ampliar a busca por novos acordos.
Pressão e expectativas
Apesar da frustração, há consenso entre os governantes de que abandonar o acordo com a União Europeia não é uma opção imediata. Porém, cresce a percepção de que o Mercosul precisa trilhar caminhos paralelos, evitando depender de um único tratado para impulsionar sua economia.
A declaração final do encontro deve refletir esse equilíbrio entre descontentamento e pragmatismo: sinalizar cobrança aos europeus sem fechar portas, e reforçar que o bloco continua empenhado em se fortalecer e ampliar laços internacionais.









