Por Claudia Antunes
O silêncio tomou conta do Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio, nesta terça-feira (9), mas a atmosfera estava longe de ser fria. O local foi preenchido por acordes invisíveis, lembranças e emoções à flor da pele. Amigos, familiares e fãs se reuniram para dar o último adeus à Angela Ro Ro, cantora e compositora que, com sua voz rouca e visceral, atravessou gerações e transformou a música brasileira.
Angela, que morreu aos 75 anos na última segunda-feira (8), deixa um legado que vai muito além das melodias: ela foi símbolo de liberdade, ousadia e autenticidade.
Uma despedida carregada de música e afeto
No velório, o clima era de saudade e reverência. Algumas pessoas levaram flores, outras preferiram silenciar diante da urna, mas todas carregavam na memória alguma canção que marcou sua vida. Era impossível não lembrar de clássicos que falam de amor, dor e intensidade – temas que ela interpretava como ninguém.
A voz que não se cala
Angela Ro Ro não foi apenas uma intérprete. Foi compositora, cronista de sentimentos, uma artista à frente de seu tempo. Rompeu barreiras, viveu amores sem pedir licença e nunca escondeu sua verdade. Essa coragem fez dela um ícone não só da música, mas também da luta por liberdade e autenticidade.
“Angela viveu como cantou: sem medo. Sua obra é eterna”, disse um amigo próximo, emocionado.
Um legado que ecoa
Com uma carreira iniciada nos anos 1970, Angela Ro Ro construiu uma discografia intensa, com sucessos que embalaram romances e marcaram corações. Sua voz rouca, tão singular, é comparada por críticos a um instrumento que falava mais do que as próprias palavras.
Enquanto o corpo descia à sepultura, um coro discreto de fãs cantava baixinho um de seus refrões. Era como se Angela estivesse ali, sorrindo com aquele jeito irreverente, dizendo: “A vida é isso, meu bem: amar e cantar até o fim.”