Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2025 – Hoje, o Brasil celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma data que transcende o calendário para se tornar um chamado à vida. Mais do que uma efeméride, é uma oportunidade de refletir sobre a potência da solidariedade humana e o papel determinante da ciência brasileira na preservação e no prolongamento de existências.
Na noite de ontem, em um gesto carregado de simbolismo, a FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) iluminou o Cristo Redentor com as cores da campanha de doação de órgãos. O monumento mais icônico do país, com os braços abertos sobre a cidade, se transformou em um farol de esperança para milhares de pacientes que aguardam na fila por um transplante.
A iniciativa foi conduzida sob a liderança da presidente Caroline Alves, que destacou em seu discurso que a ciência não apenas salva vidas nos centros cirúrgicos, mas também cria novas perspectivas de futuro. “A pesquisa em transplantes e imunologia é um patrimônio nacional. Cada doador e cada avanço científico se unem em um pacto pela vida. Hoje o Cristo se ilumina para lembrar que a generosidade humana é tão poderosa quanto o conhecimento científico”, afirmou.

Ciência e solidariedade caminham juntas
O Brasil é reconhecido mundialmente por ter o maior sistema público de transplantes do mundo, um feito que só é possível graças à articulação entre médicos, pesquisadores, hospitais e, sobretudo, famílias que, em um momento de dor, escolhem transformar perdas em esperança. A cada ano, milhares de vidas são salvas por procedimentos que vão desde transplantes renais até intervenções mais complexas, como os de coração, fígado e pulmão.
Avanços recentes em tecnologias de preservação de órgãos, em medicamentos imunossupressores mais eficazes e em protocolos de compatibilidade têm ampliado tanto a segurança quanto a qualidade de vida dos pacientes. Essa evolução é fruto de investimento contínuo em ciência e inovação, um campo que a FAPERJ vem fortalecendo com editais específicos e apoio a pesquisadores que se dedicam a esse setor estratégico.
NÚMEROS QUE ILUMINAM A ESPERANÇA
📌 Recorde histórico – O Brasil realizou cerca de 30,3 mil transplantes em 2024, segundo dados oficiais, confirmando o país como referência mundial em sistema público de doação e transplantes.
📌 Fila que não para de crescer – Apesar do avanço, 78 mil pessoas ainda aguardam por um órgão ou tecido. Em 2025, o número de pacientes ativos na fila chegou a 66,5 mil, aumento de quase 13% em relação ao ano anterior.
📌 Órgãos mais demandados – A maior parte da fila é formada por pacientes que precisam de:
• Rim: 42,8 mil pessoas
• Córnea: 32,3 mil pessoas
• Fígado: 2,3 mil pessoas📌 Procedimentos mais realizados – Em 2024, os transplantes mais frequentes foram:
• Córnea: 17,1 mil cirurgias
• Rim: 6,3 mil
• Medula óssea: 3,7 mil
• Fígado: 2,4 mil📌 Desafios persistentes – A taxa de recusa familiar, que oscila entre 42% e 45%, segue como um dos maiores entraves para salvar vidas. Sem autorização da família, nenhum transplante é possível.
📌 Tempo extremo de espera – Para córnea, há estados em que a fila chega a mais de 1.400 dias, como no Rio de Janeiro, mostrando desigualdade regional no acesso.
📌 Avanços regionais – No Distrito Federal, por exemplo, o início de 2025 registrou 655 transplantes apenas nos quatro primeiros meses, 6,5% a mais que no mesmo período de 2024.
A iluminação especial do Cristo Redentor marcou não apenas uma homenagem simbólica, mas também um alerta público. Ao vestir o monumento com as cores da campanha de doação de órgãos, a FAPERJ reforçou a urgência do tema e deu visibilidade à causa em escala nacional. A ação uniu ciência, fé e comunicação social em um mesmo gesto, lembrando que cada brasileiro pode ser parte dessa rede de solidariedade.
Mais do que uma celebração, o Cristo iluminado se tornou um marco de mobilização. Um sinal visível de que a vida, quando sustentada pela ciência e pela generosidade, pode sempre recomeçar.
Um chamado à sociedade
Se a ciência tem feito sua parte, cabe também à sociedade compreender a importância do gesto individual: declarar-se doador em vida e comunicar essa decisão à família. Sem essa autorização, nenhum transplante é possível. É nesse ponto que campanhas como a de ontem, ao iluminar o Cristo Redentor, encontram sua força: transformar um gesto íntimo em um compromisso coletivo.
Vida que se multiplica
Cada órgão doado pode salvar até oito vidas. Cada família que autoriza a doação transforma sua dor em semente de esperança. Cada avanço científico multiplica as chances de que essas vidas não apenas sejam salvas, mas vividas com plenitude.










