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Kongjian Yu: o arquiteto que transformou enchentes em cidades-esponja e deixou o Pantanal como legado

Quem era Kongjian Yu: arquiteto paisagista chinês, professor na Universidade de Pequim, fundador do escritório Turenscape. Foi um dos principais idealizadores do conceito de “cidades-esponja” (sponge cities), soluções urbanísticas que usam a natureza para absorver, filtrar ou reutilizar água da chuva, em vez de simplesmente escoá-la

O acidente: ocorreu na noite de 23 de setembro de 2025, na zona rural de Aquidauana, Mato Grosso do Sul (Brasil), próximo à Fazenda Barra Mansa, no Pantanal.

Vítimas: além de Kongjian Yu, morreram o piloto Marcelo Pereira de Barros, e dois cineastas brasileiros: Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. 

Circunstâncias: avião de pequeno porte, modelo Cessna (prefixo PT-BAN) ; a aeronave explodiu ao atingir o solo e os corpos ficaram carbonizados. 

Contexto da viagem: o grupo estava no Brasil em função da Bienal de Arquitetura de São Paulo e também para gravar um documentário sobre cidades-espo

O adeus inesperado

O Pantanal, berço de biodiversidade e cenário de contrastes entre águas e secas, foi palco de uma tragédia que repercute mundialmente. A queda de um avião de pequeno porte no dia 23 de setembro de 2025 levou a vida de Kongjian Yu, arquiteto chinês renomado como o “pai das cidades-esponja”. Junto a ele, morreram dois cineastas brasileiros e o piloto.

O acidente ocorreu próximo à Fazenda Barra Mansa, na zona rural de Aquidauana (MS). A aeronave explodiu ao atingir o solo, e todas as vítimas não resistiram. Yu estava no Brasil em função da Bienal de Arquitetura de São Paulo e para gravar um documentário sobre seu conceito inovador de cidades que aprendem a conviver com a água.

Cidades-esponja: a revolução de Yu

Yu não buscava apenas erigir edifícios impressionantes; seu foco era a convivência com a natureza. O conceito de cidades-esponja propõe que ruas, parques e canais urbanos absorvam, filtrem e reutilizem a água da chuva, ao invés de simplesmente drená-la.

Enquanto o urbanismo tradicional do século XX priorizou avenidas largas e impermeabilização, Kongjian Yu defendia que a cidade aprendesse com rios, pântanos e mangues. “Não combata a enchente com concreto; aprenda com ela”, parecia dizer seu trabalho.

Sua proposta revolucionou a arquitetura urbana contemporânea, aproximando engenharia, ecologia e design em soluções práticas para enchentes, mudanças climáticas e resiliência urbana.

O Pantanal como metáfora viva

Há uma ironia simbólica na tragédia: Yu partiu no Pantanal, território que materializa seus sonhos. Ali, a vida se alterna entre cheia e seca, absorvendo, filtrando e devolvendo, como uma verdadeira cidade-esponja natural.

Para o arquiteto, cada rio, cada raiz, cada campo alagado era uma lição: a natureza não é inimiga, mas parceira. Sua morte nesse cenário parece menos acaso e mais metáfora — uma fusão entre pensamento e paisagem, vida e obra.

O legado do arquiteto

Kongjian Yu deixou uma herança que ultrapassa fronteiras: seus projetos se espalham pela China, pelo Brasil e por outros países, mostrando que arquitetura pode ser ferramenta de sobrevivência coletiva, não apenas estética.

A tragédia também lança luz sobre os desafios urbanos do Brasil, país vulnerável a enchentes e secas. As cidades, ainda impermeáveis e pouco preparadas, evidenciam a urgência de replicar soluções como as de Yu, transformando espaços urbanos em organismos vivos e resilientes.

Reflexão final

Mais do que prédios ou monumentos, Yu semeava futuros. O Pantanal, guardião de sua despedida, é o maior tributo ao seu trabalho: não uma construção de aço, mas um ecossistema que respira e resiste.

Sua vida e obra nos convidam a repensar a arquitetura do século XXI: uma arquitetura que aprende com a água, com a terra, com os ciclos naturais, capaz de absorver desafios e florescer.

E talvez essa seja a homenagem mais justa: transformar nossas cidades em organismos vivos, como ele sonhou, como o Pantanal nos ensina, como a vida nos pede.

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