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Mino Carta, o jornalista que desafiou o poder e transformou a imprensa brasileira, morre aos 91 anos

Por Cláudia Antunes

Morreu ontem, aos 91 anos, Mino Carta, um dos nomes mais emblemáticos do jornalismo brasileiro e fundador da revista CartaCapital. Ítalo-brasileiro, Mino deixou um legado marcado por coragem, independência editorial e um compromisso inabalável com a verdade factual — princípios que nortearam sua carreira por mais de seis décadas.

A confirmação da morte foi dada pela equipe da CartaCapital, publicação criada por ele em 1994, que se tornou um dos espaços mais críticos e analíticos do país, especialmente em tempos de turbulência política.

Uma vida dedicada à notícia

Mino Carta iniciou sua trajetória profissional em meados dos anos 1960, sendo responsável pela criação e direção de algumas das revistas mais importantes da imprensa nacional, como Veja e IstoÉ. Visionário e inquieto, acreditava que o jornalismo deveria ser não apenas informativo, mas também crítico, provocando reflexão e questionamento.

Sua postura firme, mesmo diante de pressões econômicas e políticas, tornou-o uma figura respeitada — e, muitas vezes, temida — no cenário midiático. Para Mino, jornalismo não era mercadoria; era compromisso público.

CartaCapital: a trincheira da independência

Em 1994, Mino fundou CartaCapital, revista que nasceu como alternativa ao jornalismo de massa, priorizando análises profundas e reportagens investigativas. Tornou-se referência para leitores que buscavam um olhar crítico sobre a realidade brasileira, especialmente em períodos de censura velada e concentração midiática.

A revista também se destacou por abordar temas como desigualdade social, direitos humanos e corrupção, sempre com a marca do rigor editorial e do posicionamento claro, mas fundamentado.

Um legado eterno

Para além do jornalismo, Mino Carta representava uma filosofia: a de que a imprensa deve ser independente, questionadora e ética. Em entrevistas, costumava repetir que “o jornalismo é um ato de coragem” — frase que define sua vida e sua obra.

Personalidades do meio político, cultural e jornalístico lamentaram sua morte e destacaram sua contribuição inestimável para a democracia brasileira.

Com sua partida, encerra-se um capítulo importante da história da comunicação no Brasil. Mas as páginas escritas por Mino continuam vivas, inspirando gerações que acreditam no poder transformador da informação.

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