Expansão do modal também alcançará Botafogo e Ilha do Governador, redesenhando o transporte de média capacidade no Rio
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, sancionou nesta semana a lei que prevê a transição gradual dos corredores BRT Transcarioca e Transoeste para a operação com Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A proposta, aprovada pela Câmara Municipal, abre caminho para uma mudança significativa na matriz de transporte da cidade que deixa de depender exclusivamente de ônibus articulados nessas rotas e passa a apostar em trilhos urbanos de média capacidade.
O projeto marca uma das mais profundas reestruturações no sistema de mobilidade desde a criação do BRT, há mais de uma década. Além da substituição do modal em dois dos principais eixos que cortam a cidade, o texto estabelece a expansão das linhas para Botafogo e Ilha do Governador, regiões até então fora do mapa ferroviário leve.
Uma mudança estrutural no transporte carioca
A conversão para o VLT tem como objetivo, segundo justificativa técnica da Prefeitura, reduzir custos operacionais, ampliar a regularidade das viagens e aumentar a capacidade de transporte por hora. Diferentemente do BRT, o VLT opera por trilhos, com energia elétrica e menor interferência no trânsito de superfície, o que tende a reduzir atrasos provocados por congestionamentos.
O corredor Transoeste, que liga a Barra da Tijuca à Zona Oeste profunda, e a Transcarioca, que conecta o Galeão à Barra passando por localidades densas como Madureira, são hoje dois dos trajetos mais carregados do sistema. A substituição deve ocorrer de forma progressiva, em etapas, permitindo que o serviço continue funcionando enquanto novas linhas e infraestruturas são instaladas.
Expansão para Botafogo e Ilha do Governador
Além da migração dos corredores existentes, a legislação autoriza a expansão da malha de trilhos para dois polos estratégicos: Botafogo que hoje concentra fluxo intenso de trabalhadores, serviços e integrações com metrô e a Ilha do Governador, principal porta aérea do país via Aeroporto Internacional Tom Jobim.
A inclusão dessas áreas busca distribuir melhor a mobilidade por trilhos e reduzir a dependência do transporte rodoviário nas ligações entre os bairros e o Centro. A expectativa é que os novos ramais se tornem eixos de articulação metropolitana, com potencial de captar passageiros que hoje precisam de múltiplas baldeações para chegar ao destino.
Desafios e impactos esperados
Especialistas em mobilidade apontam que a iniciativa pode redefinir o deslocamento urbano no Rio, mas alertam que a transição exige planejamento rigoroso. A construção de trilhos e estações demanda obras de grande porte, desapropriações e intervenções no trânsito. Além disso, será necessário definir como será a convivência entre os modais durante o período de sobreposição das operações.
Do lado positivo, a conversão tende a diminuir a emissão de poluentes, ampliar o conforto dos passageiros e reduzir custos com frota, já que os veículos leves têm maior durabilidade e menor desgaste operacional. O modelo também pode atrair investimento externo e reposicionar o Rio entre as capitais brasileiras com maior presença de trilhos urbanos.
Novo capítulo para a mobilidade carioca
A sanção transforma o debate sobre transporte público em realidade administrativa. A cidade, que apostou no BRT como solução olímpica e hoje convive com limitações do sistema, inicia agora um ciclo que mira mais estabilidade, tecnologia e integração.
A substituição do BRT pelo VLT nos corredores Transcarioca e Transoeste e a extensão para Botafogo e Ilha do Governador podem se tornar o maior redesenho de mobilidade da última década um novo traçado sobre trilhos que, se executado com eficiência, poderá reorientar o jeito de circular pelo Rio.









