Uma operação da Polícia Civil realizada na manhã desta quarta-feira em Nilópolis, na Baixada Fluminense, desarticulou um escritório que funcionaria como centro de golpes baseados em falsas práticas espirituais. O local, identificado como “Sala da Magia”, operava em um prédio comercial e reunia dezenas de atendentes que ligavam para vítimas oferecendo supostos serviços religiosos.
De acordo com os investigadores, 21 pessoas foram presas durante a ação.
Como funcionava o esquema, segundo a polícia
O grupo usava uma central de teleatendimento para abordar vítimas por telefone. As promessas incluíam desde “limpezas espirituais” até “orações urgentes” para resolver problemas de saúde, relacionamentos ou dívidas. Tudo era oferecido mediante pagamento imediato.
Durante a operação, os agentes encontraram:
• Baias de telemarketing organizadas como um call center;
• Celulares utilizados exclusivamente para as ligações às vítimas;
• Computadores com dados de pessoas escolhidas para abordagem;
• Roteiros detalhados orientando os atendentes sobre o que dizer em cada situação;
• Supostos “produtos espirituais” e objetos usados na encenação dos atendimentos.
Segundo as investigações, os atendentes eram treinados para criar sensação de urgência e medo, induzindo as vítimas a realizar transferências rápidas, muitas vezes via Pix.
A estrutura interna do grupo
A polícia informou que o escritório funcionava em horários comerciais, com supervisores, metas diárias e divisão hierárquica similar à de empresas tradicionais. No entanto, em vez de vendas, o foco seria a exploração da vulnerabilidade emocional e religiosa das vítimas.
Os valores cobrados variavam conforme a necessidade relatada pela pessoa do outro lado da linha. Em alguns casos, os pagamentos ultrapassavam centenas ou até milhares de reais.
Quem eram as vítimas
De acordo com os agentes, as principais vítimas eram pessoas fragilizadas emocionalmente, como:
• mulheres enfrentando problemas familiares,
• pessoas com doenças graves na família,
• idosos,
• indivíduos em situação de desespero financeiro.
O grupo teria criado uma lista de perfis-alvo baseada em relatos captados de redes sociais, cadastros antigos e informações compartilhadas entre golpistas.
Depoimentos e andamento da investigação
Os suspeitos detidos foram levados para a delegacia responsável pela operação, onde estão sendo ouvidos. Eles podem responder por:
• estelionato,
• associação criminosa,
• lavagem de dinheiro,
• e outros crimes ainda em apuração.
A polícia também tenta identificar os responsáveis pela idealização da estrutura e pelo fluxo financeiro obtido por meio dos golpes.
Repercussão no município
A operação chamou atenção dos moradores de Nilópolis, sobretudo porque o escritório funcionava discretamente em uma área movimentada do município. Comerciantes vizinhos relataram que a movimentação interna era grande, mas ninguém imaginava se tratar de uma base criminosa.
A prefeitura e lideranças religiosas locais se manifestaram repudiando o uso da fé como instrumento de fraude e ressaltaram a importância de denunciar práticas suspeitas.
Orientação à população
A Polícia Civil alerta que nenhuma prática espiritual séria exige pagamentos imediatos por telefone, especialmente quando a abordagem parte do próprio prestador. A recomendação é nunca fornecer dados bancários a desconhecidos e desconfiar de pedidos de urgência acompanhados de promessas milagrosas.









