Brasília, setembro de 2025 –
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares ligados aos episódios de contestação eleitoral e atos de 8 de janeiro chegou a um ponto que reabre velhas feridas da República: afinal, como deve atuar a Justiça Militar quando seus próprios fardados são acusados?
O Supremo Tribunal Federal e a Justiça Comum avançam sobre civis e políticos, mas quando os nomes envolvem generais, coronéis e oficiais de alta patente, o tabuleiro muda. A disputa entre jurisdição civil e jurisdição militar escancara não só brechas jurídicas, mas também os dilemas de um país que ainda convive com fantasmas da ditadura.
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O palco do julgamento
Bolsonaro responde por incitação, omissão e participação indireta em uma rede de desinformação que alimentou as invasões de 8 de janeiro. Ao seu redor, militares de diferentes patentes são acusados de omissão deliberada, facilitação logística e até articulação de planos que visavam subverter a ordem constitucional.
Nos tribunais militares, a linha de defesa é outra: alega-se “cumprimento de dever” ou “obediência hierárquica”. Já no STF e nas instâncias civis, o argumento é de responsabilidade direta e de que a farda não pode ser escudo para atos contra a democracia.
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O dilema da Justiça Militar
Historicamente, a Justiça Militar foi criada para julgar infrações disciplinares e crimes militares. Mas o que fazer quando oficiais são acusados não de insubordinação, mas de participar — ativa ou passivamente — em movimentos que atacaram as próprias bases do Estado de Direito?
Três caminhos se desenham:
1. Autonomia rígida da Justiça Militar, o que poderia significar julgamentos mais brandos e leitura corporativista das acusações.
2. Predomínio da Justiça Comum, deslocando os processos para tribunais civis e para o STF, evitando o risco de “julgar a si mesmo”.
3. Modelo híbrido, em que crimes estritamente militares (como insubordinação ou uso irregular de recursos das Forças) ficam no foro militar, mas conspirações contra a democracia seguem para a esfera civil.
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Reflexão: toga x farda
O Brasil observa, dividido: de um lado, quem teme a impunidade caso a Justiça Militar seja a principal responsável; de outro, quem teme “vingança política” caso todos os processos fiquem sob tribunais civis.
O julgamento de Bolsonaro e dos militares é mais do que a avaliação de culpados: é um teste de maturidade institucional. Mostrará se o país consegue equilibrar respeito à hierarquia com a exigência maior de respeito à Constituição.
Talvez o maior desafio seja esse: provar que a democracia não pode ser submetida à lógica da caserna, mas também não pode se tornar tribunal de exceção.
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O que está em jogo
No fim, não é apenas o futuro de Bolsonaro ou de generais que está em pauta. É a definição de como o Brasil julga seus próprios guardiões.
Se a Justiça Militar for conivente, arrisca-se a perder legitimidade perante a sociedade. Se os tribunais civis forem duros demais, podem inflamar a retórica de perseguição.
Entre a toga e a farda, o país assiste a um julgamento que talvez seja, no fundo, sobre a própria relação entre Forças Armadas e democracia. Bolsonaro e os Generais no Banco dos Réus: A Justiça Entre Dois Mundos
Brasília, setembro de 2025 –
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares ligados aos episódios de contestação eleitoral e atos de 8 de janeiro chegou a um ponto que reabre velhas feridas da República: afinal, como deve atuar a Justiça Militar quando seus próprios fardados são acusados?
O Supremo Tribunal Federal e a Justiça Comum avançam sobre civis e políticos, mas quando os nomes envolvem generais, coronéis e oficiais de alta patente, o tabuleiro muda. A disputa entre jurisdição civil e jurisdição militar escancara não só brechas jurídicas, mas também os dilemas de um país que ainda convive com fantasmas da ditadura.
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O palco do julgamento
Bolsonaro responde por incitação, omissão e participação indireta em uma rede de desinformação que alimentou as invasões de 8 de janeiro. Ao seu redor, militares de diferentes patentes são acusados de omissão deliberada, facilitação logística e até articulação de planos que visavam subverter a ordem constitucional.
Nos tribunais militares, a linha de defesa é outra: alega-se “cumprimento de dever” ou “obediência hierárquica”. Já no STF e nas instâncias civis, o argumento é de responsabilidade direta e de que a farda não pode ser escudo para atos contra a democracia.
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O dilema da Justiça Militar
Historicamente, a Justiça Militar foi criada para julgar infrações disciplinares e crimes militares. Mas o que fazer quando oficiais são acusados não de insubordinação, mas de participar — ativa ou passivamente — em movimentos que atacaram as próprias bases do Estado de Direito?
Três caminhos se desenham:
1. Autonomia rígida da Justiça Militar, o que poderia significar julgamentos mais brandos e leitura corporativista das acusações.
2. Predomínio da Justiça Comum, deslocando os processos para tribunais civis e para o STF, evitando o risco de “julgar a si mesmo”.
3. Modelo híbrido, em que crimes estritamente militares (como insubordinação ou uso irregular de recursos das Forças) ficam no foro militar, mas conspirações contra a democracia seguem para a esfera civil.
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Reflexão: toga x farda
O Brasil observa, dividido: de um lado, quem teme a impunidade caso a Justiça Militar seja a principal responsável; de outro, quem teme “vingança política” caso todos os processos fiquem sob tribunais civis.
O julgamento de Bolsonaro e dos militares é mais do que a avaliação de culpados: é um teste de maturidade institucional. Mostrará se o país consegue equilibrar respeito à hierarquia com a exigência maior de respeito à Constituição.
Talvez o maior desafio seja esse: provar que a democracia não pode ser submetida à lógica da caserna, mas também não pode se tornar tribunal de exceção.
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O que está em jogo
No fim, não é apenas o futuro de Bolsonaro ou de generais que está em pauta. É a definição de como o Brasil julga seus próprios guardiões.
Se a Justiça Militar for conivente, arrisca-se a perder legitimidade perante a sociedade. Se os tribunais civis forem duros demais, podem inflamar a retórica de perseguição.
Entre a toga e a farda, o país assiste a um julgamento que talvez seja, no fundo, sobre a própria relação entre Forças Armadas e democracia.
@jairmessiasbolsonaro









