Na última sexta-feira, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou a retirada das taxas sobre exportações brasileiras de celulose e ferro-níquel. Na prática, os produtos deixam de ser impactados tanto pela alíquota de 10%, anunciada em abril, quanto pela sobretaxa de 40%, implementada em 30 de julho.
A medida representa um alívio imediato para as empresas exportadoras brasileiras, mas também levanta questões sobre estratégia econômica e relações comerciais com Washington.
O histórico das tarifas
Em abril, os EUA aplicaram uma tarifa de 10% sobre celulose e ferro-níquel do Brasil, alegando práticas de subsídio consideradas injustas. No fim de julho, a sobretaxa de 40% pegou o setor de surpresa, aumentando custos e pressionando contratos já negociados internacionalmente.
Para algumas indústrias, o impacto foi imediato: produtos que antes competiam com relativa facilidade no mercado americano passaram a ter preços significativamente mais altos, reduzindo a demanda e gerando incertezas para o planejamento do próximo ano.
O alívio econômico
Com a retirada das taxas, especialistas apontam que o setor de celulose, que abastece grandes fabricantes de papel e papelão nos EUA, poderá retomar níveis de exportação mais próximos aos de 2024. Já o ferro-níquel, usado na indústria siderúrgica e de baterias, também deve ver o aumento da competitividade em contratos já negociados.
— É um respiro importante para o setor — afirmou um executivo do ramo siderúrgico, sob condição de anonimato. — Mas não sabemos se essa decisão é definitiva ou apenas temporária, sujeita a novas revisões.
Entre economia e geopolítica
Analistas lembram que decisões desse tipo não acontecem apenas por questões comerciais: estão inseridas no contexto de negociações mais amplas entre Brasil e EUA, que incluem temas como tecnologia, mineração, energia e parcerias estratégicas.
Para o governo brasileiro, a retirada das tarifas é apresentada como vitória diplomática: uma prova de que negociações podem render resultados tangíveis para setores estratégicos da economia.
O efeito nos preços e no mercado
A curto prazo, a expectativa é que os preços da celulose e do ferro-níquel se ajustem, reduzindo a margem de prejuízos causados pelas tarifas anteriores. No longo prazo, entretanto, o mercado permanece atento: mudanças na política americana, novas regras ambientais ou revisões tarifárias podem alterar rapidamente o cenário.
Conclusão
A decisão dos Estados Unidos, por enquanto, acena como alívio econômico, mas é também um lembrete de que as relações comerciais internacionais são voláteis. No jogo das tarifas, a indústria brasileira celebra, mas mantém os olhos atentos: no comércio global, os caminhos são tão largos quanto as taxas que podem surgir a qualquer momento.









