O Ministério da Justiça confirmou, nesta quarta-feira, a demissão dos delegados Alexandre Ramagem e Anderson Torres dos quadros da Polícia Federal. As portarias assinadas pelo ministro Ricardo Lewandowski serão publicadas no Diário Oficial da União na manhã desta quinta (4) e cumprem determinação do Supremo Tribunal Federal após a condenação definitiva dos dois por participação em uma tentativa de ruptura institucional.
Decisão encerra vínculo com a corporação
Com a publicação das portarias, Ramagem e Torres perdem formalmente seus cargos na PF, incluindo benefícios funcionais, remuneração e qualquer vínculo administrativo com a instituição. Mesmo desligados, os dois continuam respondendo a processos internos e criminais derivados da mesma investigação que levou à condenação no STF.
A medida tem caráter obrigatório após o trânsito em julgado das decisões, uma vez que a perda do cargo público está prevista entre as sanções aplicadas pelos ministros que analisaram o caso.
Quem são os ex-delegados demitidos
Alexandre Ramagem
Ramagem, que já foi diretor-geral da Abin e atualmente é deputado federal, foi condenado por envolvimento no núcleo estratégico da articulação golpista. Após a sentença, deixou o país e é considerado foragido. A demissão encerra sua carreira oficial na Polícia Federal, ainda que ele mantenha mandato parlamentar.
Anderson Torres
Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Torres cumpre pena em regime fechado e está preso na Papuda. Os ministros do STF o consideraram peça central na tentativa de ruptura institucional e determinaram, além da prisão, a perda do cargo na PF — medida agora formalizada pelo Ministério da Justiça.
Contexto da condenação
As investigações do Supremo apontaram que ambos atuaram em ações coordenadas para comprometer o processo democrático após as eleições de 2022. Documentos, mensagens e depoimentos reunidos ao longo do processo indicaram que os dois integraram um grupo que planejou abalar o funcionamento das instituições, o que levou às condenações.
Efeitos políticos e institucionais
A confirmação das demissões representa um marco simbólico na resposta do Estado à tentativa de golpe e reforça a posição da Justiça de que agentes públicos envolvidos em ataques à democracia não podem permanecer em cargos estratégicos.
Na Polícia Federal, a decisão é vista como uma medida necessária para preservar a credibilidade da corporação e encerrar o elo institucional com dois ex-delegados condenados por crimes contra a ordem democrática.









