Uma pesquisa recente nos Estados Unidos acendeu um alerta sobre o uso crescente de inteligência artificial como apoio emocional. Entre os participantes que relataram ter algum problema de saúde mental, metade afirmou recorrer a robôs ou assistentes virtuais para aconselhamento ou conforto — apesar de especialistas advertirem que esses sistemas não foram programados para exercer funções terapêuticas.
O fenômeno do “terapeuta digital”
Com a popularização de chats de IA, aplicativos de conversas e assistentes virtuais, muitas pessoas buscam respostas rápidas, orientação ou simplesmente alguém “para ouvir”. O apelo é compreensível: a IA nunca julga, está disponível 24 horas por dia e responde com paciência infinita.
No entanto, psicólogos alertam que isso não substitui o acompanhamento humano. A IA responde a padrões de linguagem, não consegue perceber sinais sutis de sofrimento profundo, crises ou pensamentos suicidas.
— É importante entender que a IA não tem empatia genuína — explica a psicóloga clínica Mariana Torres. — Ela pode sim fornecer orientações genéricas, mas não é capaz de substituir um profissional qualificado que entende o contexto emocional e histórico do paciente.
Riscos e limitações
Os especialistas destacam alguns perigos do uso da IA como “terapeuta”:
• Diagnósticos equivocados: respostas baseadas em padrões podem reforçar interpretações erradas.
• Dependência emocional: o usuário pode se apegar a respostas automáticas, evitando buscar ajuda profissional.
• Falta de privacidade: dados sensíveis podem ser armazenados ou usados sem consentimento adequado.
Quando ajuda vira risco
O problema vai além do conforto ilusório. Especialistas apontam que usar IA como substituto de terapia pode:
• Criar dependência emocional de um programa;
• Reforçar interpretações erradas de sintomas;
• Expor dados sensíveis sem segurança adequada;
• Atrasar a busca por tratamento profissional, potencialmente perigoso em crises graves.
O papel da IA na saúde mental
Pesquisas sugerem que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta auxiliar: lembretes de consultas, sugestões de hábitos saudáveis, triagem de sintomas ou apoio em momentos de ansiedade leve. Mas o cuidado humano continua insubstituível, especialmente em casos de depressão, transtornos de ansiedade graves ou crises agudas.
Reflexão final
O fascínio pela tecnologia é legítimo, mas especialistas reforçam: a IA não foi projetada para sentir, interpretar ou acompanhar a complexidade da mente humana. Usá-la como substituta do tratamento psicológico é arriscado.
Para quem busca apoio emocional, o conselho é claro: consulte profissionais de saúde mental e veja a IA como uma ferramenta complementar, não como terapeuta.









