Iniciativa no Centro-Oeste alia agricultura sustentável à conservação ambiental, ajudando a preservar rios, nascentes e a biodiversidade da região.
No coração do Cerrado brasileiro, produtores rurais têm adotado práticas inovadoras de retorno de água ao solo e à paisagem, uma ação que ficou conhecida como “plantar água”. Essa abordagem combina técnicas de agricultura sustentável, manejo de nascentes e reflorestamento, com o objetivo de conservar a fauna e a flora da região.
O que é “plantar água”?
“Plantar água” consiste em implementar estratégias para aumentar a infiltração da água no solo, reduzir a erosão e melhorar a qualidade da água em rios e córregos. Entre as técnicas utilizadas estão:
• Restauro de matas ciliares, protegendo margens de rios;
• Criação de curvas de nível e barraginhas para retenção de água da chuva;
• Replantio de espécies nativas, que ajudam na regeneração do solo e no equilíbrio ecológico;
• Manejo sustentável da pastagem e lavoura, diminuindo a compactação do solo.
Benefícios ambientais
As práticas promovem um ciclo hídrico mais saudável, aumentando a disponibilidade de água para nascentes e rios, essenciais para a sobrevivência da fauna e flora do Cerrado. Animais silvestres, como tamanduás, onças-pardas e aves endêmicas, se beneficiam de ambientes mais conservados e conectados ecologicamente.
Além disso, os produtores relatam que a prática melhora a fertilidade do solo, aumenta a produtividade agrícola e contribui para a resiliência da propriedade contra períodos de seca, comuns no Centro-Oeste.
Exemplo de produtores
No estado de Goiás, fazendas familiares têm integrado essas práticas em suas rotinas de manejo. Uma das iniciativas envolve plantio de árvores nativas próximas a nascentes, criando corredores ecológicos que conectam fragmentos de mata e permitem que espécies migratórias se movimentem com segurança.
Em Mato Grosso do Sul, propriedades têm investido na construção de pequenos reservatórios e açudes naturais, que ajudam a regular o fluxo hídrico e fornecem água limpa para o consumo animal e manutenção da biodiversidade local.
Apoio técnico e financiamento
O sucesso das iniciativas depende de apoio técnico de instituições públicas e privadas, incluindo universidades, ONGs ambientais e programas de incentivo à agricultura sustentável. Projetos financiados pelo governo e por organizações internacionais oferecem capacitação, mudas nativas e acompanhamento técnico, garantindo que as ações tenham efeito duradouro.
Perspectivas para o futuro
O modelo de “plantar água” no Cerrado tem potencial de replicação em outras regiões do país, especialmente em biomas ameaçados pela expansão agrícola e pelo desmatamento. A prática representa um equilíbrio entre produção agrícola e conservação ambiental, mostrando que é possível produzir alimentos de forma sustentável sem comprometer a biodiversidade.
Produtores e especialistas destacam que essas ações são essenciais para manter o Cerrado vivo, preservar a qualidade da água e garantir a sobrevivência de espécies únicas, ao mesmo tempo em que fortalecem a agricultura regional e a segurança hídrica.









