Mísseis e drones atingem usinas de energia e redes de gás; cidades enfrentam apagões e hospitais operam com geradores
Por Claudia Antunes
A Rússia realizou um ataque em larga escala contra a infraestrutura da Ucrânia, atingindo instalações de energia, gás e comunicações em várias regiões do país. A ofensiva, descrita por autoridades ucranianas como uma das mais intensas desde o início da guerra, envolveu o uso simultâneo de mísseis e drones, provocando danos graves a usinas, estações elétricas e redes de abastecimento.
Segundo o governo ucraniano, os bombardeios causaram apagões generalizados e interrupções no fornecimento de água e aquecimento em diversas cidades, inclusive em áreas distantes da linha de frente. O impacto foi sentido principalmente em regiões densamente povoadas, onde parte da população permanece sem energia e com dificuldade de acesso a serviços básicos.
Estratégia e consequências
O ataque faz parte da estratégia russa de atingir infraestrutura civil essencial com o objetivo de enfraquecer o moral da população ucraniana e pressionar o governo em meio à aproximação do inverno. Ao danificar redes elétricas e de gás, Moscou busca aumentar o sofrimento da população e sobrecarregar os recursos do Estado com reparos emergenciais.
Analistas militares observam que o padrão das ofensivas segue o mesmo adotado em invernos anteriores: destruir o sistema energético para provocar frio, escuridão e escassez. Além disso, a Rússia tenta dificultar a logística de transporte e comunicação, afetando também a capacidade de defesa da Ucrânia.
Impacto humano
Os efeitos humanitários são severos. Milhares de pessoas enfrentam noites sem eletricidade, temperaturas baixas e escassez de aquecimento. Hospitais precisaram acionar geradores de emergência, enquanto escolas e abrigos reorganizam suas rotinas para atender famílias deslocadas.
Em Kiev, bombeiros e equipes de resgate trabalharam durante toda a madrugada para conter incêndios em prédios residenciais atingidos por destroços de mísseis. Há relatos de feridos e de pelo menos uma criança morta em consequência das explosões.
“Eles querem nos quebrar, mas o povo ucraniano já aprendeu a viver na escuridão sem perder a esperança”, declarou uma moradora de Kharkiv à imprensa local.
Reações internacionais
O governo ucraniano classificou a ofensiva como “terrorismo de Estado”, afirmando que o ataque teve como alvo deliberado a população civil. Organizações internacionais de direitos humanos e países aliados da Ucrânia condenaram o bombardeio, destacando que ataques a infraestrutura civil configuram crimes de guerra segundo o direito internacional.
Os Estados Unidos e a União Europeia prometeram reforçar o envio de sistemas de defesa aérea e equipamentos de restauração energética. A ONU, por sua vez, apelou para que as partes envolvidas evitem ações que agravem a crise humanitária.
O desafio da reconstrução
Enquanto engenheiros e técnicos tentam restabelecer a energia, o governo de Kiev calcula que bilhões de dólares serão necessários para reconstruir as redes destruídas. Com a chegada iminente do inverno, as autoridades priorizam hospitais, escolas e abrigos, mas alertam que apagões intermitentes devem continuar por semanas.
O ataque reacende o debate sobre a vulnerabilidade da infraestrutura ucraniana e reforça a dependência do país em relação ao apoio internacional para se manter em funcionamento durante o conflito.
Reflexão final
Mais do que uma ofensiva militar, o ataque russo à infraestrutura ucraniana é um golpe na rotina e na dignidade de milhões de civis. A cada explosão, apagam-se luzes, mas reacende-se também a resistência de um povo que transformou a sobrevivência em ato de coragem.
Enquanto os mísseis caem, o espírito de reconstrução se ergue e o que Moscou tenta destruir, a Ucrânia insiste em reconstruir: a esperança.
