Declaração do presidente dos Estados Unidos ocorre após vídeos mostrarem execuções de supostos “colaboradores de Israel” e reacendem tensão sobre o futuro do cessar-fogo
Por Cláudia Antunes — Conexão Rio News | Brasília, 16 de outubro de 2025
O presidente norte-americano Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (16) que, caso o Hamas continue a executar civis em Gaza, os Estados Unidos “não terão escolha a não ser entrar e matá-los”. A declaração, feita durante uma coletiva na Casa Branca, elevou o tom do discurso norte-americano sobre o conflito no Oriente Médio e causou repercussão imediata entre aliados internacionais.
A fala ocorre após a circulação de vídeos que mostram combatentes do Hamas executando supostos colaboradores de Israel, em cenas gravadas nas ruas de Gaza. As imagens provocaram condenação internacional e manifestações de repúdio de países ocidentais e organizações de direitos humanos, que cobram investigações independentes sobre os casos.
Execuções e impasse sobre corpos de reféns
Os vídeos, que se espalharam por redes sociais e veículos locais, mostram homens encapuzados disparando contra pessoas acusadas de cooperar com forças israelenses. O Hamas não se pronunciou oficialmente sobre as execuções, mas integrantes do grupo alegaram que se tratam de “justiças populares” realizadas fora do controle da liderança.
Paralelamente, cresce o impasse sobre a entrega de corpos de reféns mortos durante confrontos anteriores. Autoridades israelenses pressionam para que os corpos sejam devolvidos, enquanto representantes do Hamas afirmam não ter recursos ou equipamentos adequados para localizar as vítimas sob os escombros de Gaza, ainda devastada pelos bombardeios recentes.
Tensão diplomática e retórica militar
A nova declaração de Trump foi interpretada por analistas como um endurecimento da postura dos Estados Unidos em relação à Faixa de Gaza. Embora Washington tenha apoiado esforços de cessar-fogo nas últimas semanas, a pressão política interna por uma resposta mais firme cresce entre parlamentares republicanos.
“Se o Hamas continuar matando pessoas inocentes, teremos de agir. Não podemos permitir que esse tipo de barbárie continue”, afirmou o presidente em tom categórico. Fontes da Casa Branca, no entanto, disseram que não há planos imediatos de intervenção militar, mas confirmaram o aumento da presença de inteligência americana na região.
Reações internacionais
Governos europeus e organizações humanitárias criticaram tanto as execuções em Gaza quanto a retórica de confronto. A União Europeia pediu que “todas as partes evitem a escalada” e que o acordo de cessar-fogo seja preservado. Já a ONU alertou para o risco de colapso total das negociações humanitárias, caso o conflito volte a se intensificar.
Nos bastidores diplomáticos, a fala de Trump é vista como um recado duplo: pressão sobre o Hamas e sinal de força a Israel, que segue exigindo garantias de segurança nas fronteiras do enclave.
Cenário em Gaza
Autoridades locais estimam que milhares de corpos ainda estejam sob os destroços deixados pelos ataques aéreos. Equipes de resgate enfrentam escassez de combustível, falta de equipamentos e bloqueios que dificultam a remoção de escombros. Hospitais continuam sobrecarregados e sem medicamentos, enquanto civis buscam abrigo em escolas e estruturas improvisadas.
O clima é de incerteza e desespero. “A cidade parece ter parado no tempo. As pessoas não sabem se estão seguras ou se serão as próximas vítimas”, relatou um voluntário da Cruz Vermelha em Rafah.
Próximos passos
Diplomatas da região esperam que as declarações de Trump não resultem em novas ofensivas, mas reconhecem que o equilíbrio político é frágil. A pressão por respostas imediatas e a troca de acusações entre facções ameaçam romper o frágil cessar-fogo firmado no início do mês.
Enquanto isso, a população civil continua sendo a principal vítima de uma guerra que parece distante do fim.









