Dra. Cláudia Antunes – 02/09/2025 | 09:33
Setembro abre as portas para um tempo especial nas religiões de matriz africana: o Mês de Ibeji, divindade que representa a infância, a alegria e a pureza. Mas será que estamos preparados para entender a grandeza dessa celebração?

Ibeji não é apenas a energia das crianças, mas um convite à renovação. No calendário litúrgico do candomblé e da umbanda, este é o período de cultuar a inocência, a esperança e a fertilidade da vida, lembrando que todo ser humano carrega dentro de si um pouco da criança que foi.
“Honrar Ibeji é honrar a simplicidade, a curiosidade e a leveza”, explica Mãe (nome fictício), dirigente de um terreiro na Baixada Fluminense. “Vivemos em um mundo acelerado, onde as pessoas esquecem de sorrir. Esse mês é para resgatar isso”.
A importância desse culto vai além do sagrado: ele reforça valores sociais, como o respeito à infância e a proteção das crianças. Em uma sociedade marcada por desigualdades, lembrar de Ibeji é reafirmar o direito ao brincar, ao aprender e ao sonhar.
Do terreiro para a vida
Durante setembro, oferendas coloridas, doces, frutas e brinquedos enfeitam os altares. Cada gesto carrega uma mensagem: doçura atrai harmonia, alegria abre caminhos e a simplicidade é a maior forma de abundância.
“Não é apenas sobre dar presentes às crianças, mas sobre aprender com elas”, diz Pai (nome fictício), sacerdote da tradição. “Ibeji ensina que prosperidade começa quando cultivamos alegria no coração”.
O Mês de Ibeji, portanto, não é só uma data no calendário religioso: é um chamado para desacelerar, sorrir e celebrar a vida. É uma lição espiritual para um mundo que anda precisando, e muito, de leveza.
Curiosidade
Na umbanda, Ibeji está associado aos Erês, espíritos infantis que trazem mensagens de esperança. Já no candomblé, são cultuados como divindades gêmeas ligadas à fertilidade e ao equilíbrio.
