O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca vive um momento decisivo em sua caminhada rumo ao Carnaval 2026. A agremiação, presidida por Fernando Horta e comandada no barracão pelo carnavalesco Edson Pereira, definiu os sambas finalistas que disputarão o direito de embalar o desfile da escola. Entre eles, ganha destaque o Samba 16, assinado por um time de peso da composição: Arlindinho, Babi Cruz, Diego Nicolau, Adolfo Konder, Felipe Petrini, Luiz Pavarotti, Michel Portugal e Fred Camacho.
O enredo da Tijuca para 2026 traz como título “Levanta a cabeça, preta!”, uma homenagem emocionante à escritora Carolina Maria de Jesus, referência da literatura brasileira, símbolo de resistência e voz da favela. Autora de Quarto de Despejo, Carolina retratou com força e poesia a realidade da pobreza e da exclusão social, tornando-se ícone de luta e inspiração.
O Samba finalista
O samba apresentado pela parceria de Arlindinho e grandes nomes da ala de compositores da escola se firmou entre os finalistas do concurso interno, ganhando destaque pelo lirismo e pela potência da mensagem. A letra invoca a figura da “menina preta, Bitita”, apelido de infância de Carolina, e traduz em versos a dor, a esperança e a vitória de quem, mesmo diante das adversidades, transformou sua escrita em arma contra a opressão.
Com trechos impactantes como:
“É favela, favela do Canindé / Onde a mãe cata no lixo pro filho poder comer / Povo marginalizado, açoitado pela lei / Cadê justiça, meu Deus? Eu não sei”,
o samba traz a denúncia social que ecoa nas obras da homenageada, ao mesmo tempo em que se ergue em tom de resistência e celebração:
“Levanta a cabeça, preta! / Ergue o punho, rasga o véu / Tua luta é exemplo pras mulheres do Borel / No prefácio da história, a Tijuca é a luz / Assina: Carolina Maria de Jesus”.
A força da coletividade
A parceria finalista é composta por nomes já consagrados no universo do samba-enredo. Arlindinho, herdeiro do talento de Arlindo Cruz, se une a compositores experientes como Diego Nicolau, Babi Cruz e Fred Camacho, reconhecidos por grandes obras nos desfiles do Rio de Janeiro. A presença de Michel Portugal, Luiz Pavarotti, Felipe Petrini e Adolfo Konder reforça a diversidade criativa do grupo, que conseguiu traduzir o enredo em uma obra musical que emociona e dialoga com o tema proposto pelo carnavalesco.
A Tijuca e sua missão
Com direção de carnaval de Elisa Fernandes e Fernando Costa, direção de harmonia de Allan Guimarães e bateria sob o comando do mestre Casagrande, a Unidos da Tijuca se prepara para mais um desfile histórico na Marquês de Sapucaí. A escola aposta na potência de sua comunidade, na qualidade musical e na grandiosidade plástica do barracão para retomar o protagonismo no Grupo Especial.
O enredo que dá voz à escritora Carolina Maria de Jesus ultrapassa a celebração literária: é também um grito de resistência, memória e representatividade. O samba finalista, já muito comentado, carrega a esperança de se tornar o hino oficial da agremiação no próximo carnaval, levando para a Avenida o clamor por justiça social, a força da mulher preta e o legado de quem transformou a dor em poesia.
